
Profecias inacabadas do nosso passado (parte II)
Tenho as palavras às avessas e o coração descompassado da música de viver: trouxeram-me para o meu próprio cortejo fúnebre. Sem avisos, nesta amarga tarde de Inverno. Pediram-me silêncio de lábios selados e que mostrasse o luto que sempre ostentei em vida. Calam-me com palavras: “eras cativa da vida”… As minhas mãos podiam ainda mostrar-vos como se quebram amarras e a voz, falar mais alto que o canto dos martelos nos pregos da urna onde me querem deitar. Tomei o peso do mundo inteiro, levei-o ao colo como um tesouro meu, agora atiram-me para o meu leito de morte… Esquecem o bem, a Glória, esquecem que a essência não precisa de ar nem de corpo para viver. Não parto, nunca hei… Fito a árvore e as romãs sobre a minha cabeça, lembro que a realeza é forte.
Não sou Deus, mas não me deixo julgar por réus como eu. Tanto mal que eu fiz… POR AMOR! A malícia de um olhar que ficou em mim… mas não é o meu. Foi uma maldade que ficou presa em mim… Eu sou apenas o espelho do mundo. Sou cruel? Também tu me empurraste quando me tentava erguer… Fria?... Recorda que nunca na vida me mostraste um sorriso.
Limpo o sangue dos lábios. Não bebo mais das vontades deste mundo que julgava ser belo. Afinal, mero chão para perdidos pisarem e chamarem casa. Queimo as cordas com raiva… Sou o Sol. De brilho enegrecido por vontades terrenas, vestido. Sou um anjo de penas roubadas por quem me ensinou a voar; filha desterrada de um mundo que nunca foi o meu…
O Céu chorou por mim, antes do esperado apocalipse. As lágrimas celestes escorriam-me pela face…. A luz apagou-se do firmamento. “O Céu vai cair por tudo o que os Homens fizeram”, sussurrei.
1 Comments:
Dear Princess
"Pediram-me silêncio de lábios selados e que mostrasse o luto que sempre ostentei em vida."
Identifico-me...
Agora, apenas consigo sentir o meu lado sombrio.
A vida é cruel demais.
A Lus deixou um escuridão repleta de tristezas...
Bejux Ganex
Phantom
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