
Continua aqui, no meu imaginário, um sótão no topo do mundo. Tem telhas de vidro, constante clarabóia… Aqui passa um rio alpinista que diz conhecer o Danúbio. Afogava-me em ti, se tivesses cisnes, aquelas criaturas de beleza triste que afagam as águas com movimentos vagarosos e solenes. A beleza neles e em mim, não faz sentido. É uma verdade que mente, mera ilusão. A beleza é a eterna musa cantada pela poesia porque adora ludibriar os sentidos. Adora fingir que existe e que o seu perfume é real… mas nem ela nos apaga os traços de dor e tristeza.
Um sótão no topo do mundo… Perto das estrelas que me iluminam. Uma vida pela tragédia da solidão e não a isolei. Ela continua a apoderar-se de tanta gente… Ouvi dizer que a maioria das pessoas nunca encontra o amor. Escondido nas teias da solidão, deixa-se somente ver e desejar. Maldito e fugidio sentimento… Por ti, não sou senão um cisne com maior força, de olhos no tecto de vidro. O telescópio aproxima-me a imagem, mas nunca o teu perfume…
Uma vida pela tragédia da solidão, exilada num sótão no topo do mundo.
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Drawing by Mary Of Silence.
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