Planta-me nos teus jardins de Verão... Nos meus, aquele sopro não respira, as flores não desabrocham, os passarinhos não cantam... Preciso de ti para me trazeres a Primavera. Ainda vês os jardins cobertos de gelo, amor?... O tímido Sol que nos olha ainda não nos traz aquele calor, traz-nos sim as lágrimas daquela dor. Essa distância, essa saudade... Temos campos contíguos separados por muralhas, pelas injustiças de um mundo imperfeito. Apagaria esses traços, faria um laço bem apertado entre os nossos corações se não vivesse tão cruel realidade. O ponto com nó da vida que me veste quase me esquece do sorriso que me pediste para usar. Contigo, amor, este sorriso seria perpétuo... mas, e as muralhas? Tantas e sucessivas batalhas...Encontra-me no ninho dos pássaros que não sabem voar, nunca os seus olhos puderam ver mais além... Sempre aquém do que pretendiam. Tão belos a voarem em inocentes brincadeiras. Mas, no outro dia, encontrei um cuja vida morrera. No chão, junto ao seu frio corpo, disse-lhe adeus e apontei-lhe a estrela onde deveria ficar: a mais bela. O nosso amor irá viver, um dia com a sua desaparecida beleza?... Queria-te para sempre junto a mim, como uma pedra preciosa que não perderia nunca.
Amor, encontra-me a mim e ao beija-flor, debaixo da árvore sem cuidado que deixa cair todas as suas folhas... Debaixo da fria bruma, os meus quentes braços esperam-te para que a muralha quede em vez de mim. Espero-te para trazermos a Primavera, para despertá-la com a nossa paixão. Depois diremos ao nosso beija-flor que pode partir, que a liberdade, por fim, nos agraciou.


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