O meu sangue é a ambrósia para o vampiro da minha rua. Por ele são os suspiros nas noites que mantenho vivas até a Lua morrer. Por entre beijos e dentadas, amo-o com a intensidade do Sol que não podemos ver. Trocamos olhares, procuramos formas de ludibriar o relógio e levá-lo dizer as horas no esquecimento. Um minuto mais é fatal, tornamos chamas e pó. Mas tu sabes, a efemeridade dá a tudo muito mais valor. Uma gargalhada e rimo-nos da eternidade e da mortalidade. Mais um pouco de vinho e tudo parecer-nos-á a mesma coisa, vais ver… Nesta sala tens os brancos mais claros e os negros mais escuros. Delicioso contraste, amor, sou açúcar que espera pela tua perversidade. Alguma vez te enganei, amor?... Sou magia negra num corpo branco. Dança comigo em frente aos espelhos que não vão saber se parecemos mal. Não nos vêem…Em criança brinquei com as tuas bonecas de voodoo, piquei-me muitas vezes… Mal sabia que aquela boneca era eu. Tracei a minha própria sina a brincar com o destino. Tracei-te a ti e a um amor maior que o Universo. Eras o que mais queria, esse teu amor docemente feroz… Brindamos com o sangue um do outro, celebramos duas vidas unidas antes que o Sol desponte. A madrugada gosta das tuas malícias, amor…


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