No meu mundo de negro amor, conta-se que todos os que escrevem sobre os males da paixão, morrem com as suas mãos no peito com um profundo e penoso desgosto no seu coração. Diz-se que os escritores se transfiguram, que se despem de si e vestem a alma de Tristão. Falam de um veneno contido na tinta com que escrevem, de magias sem dó que os enlouquecem.
Sempre escrevi a tinta invisível, tantas palavras que passavam a ti despercebidas... Os poemas e prosas eram tantas, que toda a tinta secou, mas em mim nasciam lágrimas que escreviam, que ternamente choravam o teu falecido amor. Durante a perpétua noite, as palavras cresciam na intensidade, tão doloridas que me faziam crer que escrevia com a secreta tinta que mata os infelizes escribas. Também eles, sem receio, ousam eternizar a lágrima que mancha a folha. Alquimias trocadas, talvez, dão aos que esboçam as letras, a morte que evocam. Os feitiços correm como feras na tinta envenenada, como um sangue que mata. Eu não escrevo: choro. Eternizo as lágrimas molhando com elas o papel, e sou a única que resiste à maldição de amar.
Pois que outro caminho me estendes para além do das lágrimas que a minha face fazem brilhar?... Sem memória, sem qualquer história, ponho as minhas mãos no peito e lembro que o meu nome tem mais doces letras que os de Isolda. A noite do meu ser permanece perpétua, choro e continuo sem te esquecer. A tragédia da solidão dá-me a sua pequena mão, enquanto os outros escritores tombam sobre as suas próprias amarguras e desilusão.
Com as mãos no peito, sou Isolda coberta em lágrimas, uma linda flor já sem cor. Amor, foste a mais triste maldição que manchou o meu coração!...
1 Comments:
.....sem palavras....
Adoro-t Princess Sister*
Cat
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